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INFANTIS - Perdem 9-0

Relato do Desalento

Ludgero Costa
29 de dezembro, 2008
Hoje estou triste, desolado, revoltado, envergonhado, não pelo resultado pois isso ainda é o que menos importa. Estou neste estado de amargura porque me sinto defraudado nas minhas expectativas de como serão os “Homens” de amanha, sem brilho, sem chama, sem vontade de lutar, que se resignam á lei do mais forte sem sequer esboçar a vontade de retaliar, sem fazer o mínimo de esforço para se fazerem mais fortes, mais “Homens”. Podem os leitores dizer que contra a força não há resistência, será que não há?
        
Será que os adeptos do S.C. da Cruz que se deslocaram ao Vitalis Park, na Constituição, que estiveram quase duas horas á chuva não mereciam um pouco mais dos nossos atletas?
Será que treinador, director, massagista, direcção, que tudo tem feito para levar a bom porto este nosso clube e honrar as nossas cores não merecem mais?
Será que os nossos infantis só sabem contestar ordens?
Será que só são bons a jogar sozinhos, ou a jogar contra a PS2 ou Computador?
Que homens serão estes que só refilam e contestam ordens, tácticas, lugares onde vão jogar?
Estará o meu futuro na mão destes “Homens” do amanhã?
Quando é que estes atletas aprendem o que é uma equipa?
Quando é que eles aprendem a respeitar os mais velhos, a respeitarem-se mutuamente?
Quando é que aprendem a respeitar os que para eles trabalham, os que todos os dias dão o seu melhor para que eles possam treinar, e jogar depois aos fins-de-semana?
Quando é que estes miúdos metem na cabeça que para eles poderem treinar e jogar, há adultos que se dedicam de corpo e alma a uma causa, que gastam dinheiro das suas poucas economias, para combustível, para chocolates, para prendas, para bolos e sumos, para festas, para que eles se sintam acarinhados e que depois levem um desanimo enorme para casa, ficando com a sensação que falharam mas não sabem bem onde é que   falharam?
Nos meus tempos de jovem jogador, eu importava-me lá bem em que posição o treinador me punha a jogar, eu queria era jogar, e quando entrava em campo eu dava o máximo para não perder, para não defraudar as expectativas que tinham posto em mim. Em cada treino ficava atento ao que me diziam, ao que me mostravam, ao que me ensinavam, tentando depois por em prática no treino e nos jogos os ensinamentos que tinha recebido. Os meus melhores amigos eram os meus colegas de equipa, não chamava-mos nomes uns aos outros, não andávamos á luta uns com os outros, as nossas forças eram usadas para jogar contra as outras equipas, para as tentar derrotar dentro do campo. Nem sempre éramos uns bons meninos, também fazíamos travessuras, mas as palavras de um treinador, director ou dirigente, eram absorvidas com respeito, pois sabíamos que só queriam o melhor para nós, só nos queriam ensinar alguma coisa, pois eles eram mais velhos, já tinham passado por o mesmo escalão em que me encontrava, sabiam mais do que eu.
Quantas vezes já foi explicado que a melhor finta é o passe, que jogadas individuais só em ultimo recurso? Que se deve levantar a cabeça para se ver onde está o companheiro para fazer o passe? Vezes sem conta.
Resumindo, primeiros vinte minutos aguentaram e tentaram trocar a bola, depois o descalabro.
O Guarda-redes que já varias vezes foi aqui elogiado, hoje esteve uma desgraça, notando-se a falta que lhe fez os treinos durante a semana. A defesa esteve quase bem mas faltou-lhe o apoio dos médios, o ataque não se viu, não esteve presente em campo, só se viu que existia alguém no ataque nos primeiros minutos, pois estava lá alguém que segurava três defesas do F.C. do Porto. A perdermos por dois a zero as marcações deixaram de existir, nem homem a homem, nem á zona, os jogadores do Porto faziam o que queriam, quando e como mais lhes dava na vontade, quando a bola estava nos pés do Cruz era mal tratada, simplesmente chutada para a frente sem destinatário, porque quem a tinha nos pés não se dava ao trabalho de levantar a cabeça para ver onde estava o companheiro que a poderia receber. Em fim uma verdadeira vergonha…

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